Muitas empresas estão diante de um desafio silencioso, mas urgente: como unir o conhecimento acumulado por décadas com a energia e a inovação que as novas gerações trazem?

A resposta não está só em programas de mentoria ou políticas de diversidade etária, está em rever a cultura e a forma como elas valorizam (ou não) suas pessoas.

Uma nova engenharia está em construção

Até 2035, a engenharia, assim como outras áreas técnicas e industriais, estará irreconhecível para muitos dos profissionais que começaram suas carreiras nos anos 80 e 90. A saída dos Baby Boomers e a redução progressiva da Geração X da linha de frente estão abrindo espaço para Millennials, Geração Z e, logo mais, a Geração Alpha.

Mas isso não quer dizer que o conhecimento tradicional será deixado de lado. Ao contrário, o que está em jogo é justamente como preservar esse capital intelectual ao mesmo tempo em que se avança com inovação e tecnologia.

A lacuna invisível que ameaça a operação

Em empresas de manufatura, supply chain e engenharia, é comum encontrar um cenário onde existem processos que funcionam, mas que só são compreendidos profundamente por um ou dois profissionais experientes. São eles que “sabem onde está o problema”, que resolvem em minutos algo que levaria dias para um recém-chegado entender.

Sem um plano claro para retenção, sucessão ou transferência de conhecimento, a empresa corre o risco de perder muito mais do que um colaborador, ela pode acabar perdendo a eficiência, histórico, confiança e previsibilidade operacional.

Novas gerações: prontas para mudar tudo, ou quase tudo

Do outro lado, temos jovens talentos que chegam com sede de aprender, mas que também carregam valores diferentes. Buscam propósito, autonomia, ambientes colaborativos e tecnologia de ponta. Muitos deles não têm interesse em fazer carreira longa na mesma empresa, e isso não é descompromisso, é o mundo como ele é agora.

Na engenharia, esse choque é ainda mais evidente. Profissionais experientes foram formados em um contexto onde “tempo de casa” era sinônimo de autoridade. Para os mais jovens, não é o tempo que define competência, e sim a capacidade de adaptação, o repertório de projetos, a agilidade mental.

O risco de enxergar gerações como rivais

A engenharia exige precisão. Por isso, é comum que empresas e líderes tentem organizar suas equipes com base em perfis técnicos, formações acadêmicas e histórico de resultados.

Mas quando se trata de gerações, essa abordagem técnica não basta. O que conta são valores, estilos de comunicação, visões sobre o que é sucesso. Se não houver mediação, o que poderia ser uma troca rica se transforma em uma disputa velada:

  • “Eles não sabem nada da prática.”
  • “Eles são resistentes à mudança.”
  • “Só querem saber de fazer do jeito antigo.”
  • “Querem reinventar a roda.”

Engenharia não é só máquina. É gente.

No cenário atual profissionais de todas as idades podem enfrentar esse tipo de desafio: coordenadores frustrados por não conseguirem engajar os mais jovens, engenheiros seniores desmotivados porque se sentem invisíveis, empresas perdidas ao verem seu time técnico se esvaziar sem conseguir formar substitutos à altura. Esse não é um problema de recrutamento. É um problema de cultura.

E precisa ser tratado com o mesmo nível de prioridade com que se trata um gargalo operacional, uma falha de processo ou um alerta de segurança.

O que muda até 2035?

Segundo dados da Visual Capitalist, o envelhecimento da população e a entrada de novas gerações no mercado não afetam apenas as empresas, mas também governos, universidades e a forma como as carreiras serão construídas.

1. A saída definitiva dos Baby Boomers

Até 2035, essa geração estará praticamente fora do mercado. Eles hoje representam cerca de 12% da força de trabalho, número que cairá drasticamente nos próximos 10 anos.

É preciso agir agora para que esse conhecimento não seja perdido. Empresas que não investirem em programas de sucessão técnica, mentoria estruturada e gestão do conhecimento vão sentir os impactos na produtividade e na curva de aprendizado dos novos talentos.

2. A consolidação da Geração Z no comando

Hoje com idades entre 15 e 30 anos, esses profissionais vão ocupar os cargos de média e alta liderança até 2035. Eles cresceram imersos em tecnologia e não se adaptam a ambientes inflexíveis.

O desafio das empresas será atrair e manter esse público, que valoriza diversidade, aprendizado contínuo e liberdade para testar.

3. O papel da Geração X e dos Millennials como ponte

Esses profissionais, que estarão entre 40 e 70 anos em 2035, são o elo entre o modelo tradicional e o novo. Muitos já ocupam posições de liderança e possuem grande experiência, mas também precisam de apoio para se atualizarem.

Ao reconhecerem a importância da sua função como “tradutores geracionais”, podem ajudar a construir um ambiente de respeito e aprendizado mútuo.

Como equilibrar inovação e conhecimento na engenharia?

1. Estruture a transferência de conhecimento

Não espere o aviso de aposentadoria para começar. Proponha projetos intergeracionais e registre processos de forma acessível. Incentive o storytelling técnico.

2. Invista em mentorias com propósito

Mentoria é um processo contínuo, com metas, acompanhamento e principalmente valorização para quem ensina. Reconheça o tempo dedicado pelos seniores e celebre os aprendizados dos mais jovens.

3. Adapte sua liderança para diferentes perfis

Evite o “copiar e colar” no modelo de gestão. Cada geração responde melhor a um tipo de estímulo. Uns valorizam estabilidade e reconhecimento formal, outros querem autonomia e feedback constante.

Ser líder, hoje, exige flexibilidade emocional e abertura para escutar sem julgar.

4. Não subestime a importância da cultura

A cultura organizacional é o verdadeiro campo de batalha entre o velho e o novo. Se ela valoriza apenas resultados, os talentos se sentem descartáveis. Se valoriza apenas inovação, os mais experientes se sentem ultrapassados.

Crie um ambiente onde todos se sintam parte da construção e não apenas como peças que entram ou saem.

A engenharia do futuro precisa ser mais do que técnica. Precisa ser humana, colaborativa, aberta à inovação, sem apagar o que nos trouxe até aqui. Profissionais experientes não são obstáculos ao futuro. São parte dele. E as novas gerações não são ameaça ao legado. São a continuação dele.

O equilíbrio entre tradição e inovação não está pronto. Está em construção. E começa com uma escolha simples: olhar para o outro com respeito, escuta e intenção de aprender. 

Na EngSearch, a gente acredita que o futuro da engenharia se constrói com pessoas.

Se você quer formar um time técnico mais forte, diverso e preparado para os desafios dos próximos anos, conte com a gente para encontrar os profissionais certos. Entre em contato! 

Posts mais vistos